Momentos decisivos
Muitas vezes a vida nos coloca em situações onde somos obrigados a fazer escolhas. Mesmo que não tenhamos condições de fazê-las, nos vemos impelidos a tomar uma decisão. Decisão que pode ser dolorosa, que não há como escolher e ficar feliz. São escolhas que implicam em uma grande perda, perda que deixará um vazio na alma que a opção escolhida não suprirá, mas percebe-se que não há lugar na vida para as duas opções coexistirem. Não há como saber o melhor caminho, não há como prever qual será a melhor decisão, há apenas uma escolha e que só o tempo dirá se foi a mais acertada.
Quando se trata de relacionamento amoroso frequentemente ouvimos histórias de escolhas difíceis, que alguém se sacrificou em nome do amor, que se afastou de algo que gostava, seja trabalho, pessoas, estilo de vida, para que a vida como o seu amado fosse possível. Abre mão de coisas importantes para tentar ter uma vida em paz com quem escolheu para ser o seu amor. Eu tenho medo de situações assim, pois acho que em algum momento a pessoa que se sacrificou vai cobrar a conta. Em algum momento ela vai olhar para o que passou e vai notar que aquele relacionamento que ela colocou como prioridade em sua vida não supriu todas as suas necessidades, que em sua alma ficou um vazio provocado pela ausência daquilo que ela se afastou. Este vazio pode se encher de ressentimento. E o que no passado foi um ato para unir o casal, pode no futuro ser algo que pode provocar um rompimento amargo e definitivo. Viver em função de um amor é arriscado, corre-se o risco de a pessoa se anular e não ter mais um vida própria, sendo que tudo que deseja e faz é para agradar quem está ao seu lado. É um risco a pessoa "aprender" a se desfazer de seus anseios e passar a vivenciar os anseios do outro. Além de ter uma vida triste, corre o grande risco do amor do outro se acabar. Como amar alguém que se anula? Que não tem luz própria?
Claro que quando se entra num relacionamento sério a vida muda muito, é preciso fazer adaptações, mas tem que se tomar o cuidado para não passar do ponto. Cada um tem que preservar seu espaço, sua personalidade. O casal não pode virar um. São pessoas diferentes que compartilham suas vidas, e a vida de cada um tem que continuar a ter seu brilho próprio, ser fonte de alegrias individuais. Alegrias que vão alimentar a alegria do casal. Por isso a história do sacríficio por amor me assusta, pois vai abalar a fonte destas alegrias individuais. O abalo pode ser forte e acabar abalando o casamento também.
Eu tenho a sensação que qualquer sacrfício em nome do amor deixa marcas, e não sei se estas marcas podem ser aliviadas pelo amor que se preservou. Penso também que quem está numa situação destas deve se afligir com pensamento conflitantes, pensar que está sendo egoísta por pensar em si em primeiro lugar e não no bem-estar do outro. Estes conflitos devem atingir tanto quem exige o sacríficio como quem tem que abrir mão de seus anseios. No final ninguém sai ileso deste jogo, por isso é melhor entrar numa situação assim.
Todo relacionamento exige concessões, mas quando elas viram sacrifícios é porque algo está errado. Sacrifício significa sofrimento, e é impossível saber se vai valer a pena no longo prazo - geralmente não vale, porque todo ser humano tem defeitos que acabam cansando o outro um dia. Toda atitude drástica deve ser evitada.
ResponderExcluirBeijos!
como vc disse são escolhas. acho que "abandonar" tudo só deve acontecer no caso de um deles precisar ir para outro país, ser de outro país. mas mesmo assim, onde se vai morar, é bom começar a fazer o seu circuito e a sua vida independente do outro. mas quando estão na mesma cidade, reciclar algumas coisas, mudar e se adaptar um pouco é necessário, mas apagar o passado e viver só para o outro é um grande risco. beijos, pedrita
ResponderExcluirRê, concordo com você. As pessoas não podem passar do limite da concessão, tem que saber o que se pode ou não abrir mão.
ResponderExcluirPedrita, no caso de mudança de país, eu te digo que, no meu caso, eu não pensaria duas vezes, seguiria o Wally para onde ele fosse. Mas como vc disse, apagar o passado não dá mesmo!
Beijos
Patry, acho importante que se uma das partes do casal decise abrir mão de algo pelo outro, na verdade, o faz nao pelo outro, mas sim por si próprio. Sendo assim nao deve cobrar, salvo que estava decidida por outra coisa e o parceiro o tentou convencer do contrário. Isso me faz pensar que nao é um ato de amor pelo outro, mas por si mesmo, porque nesse momento era o que queria fazer. O que pode acontecer depois é o arrependimento, mas nao pode vir acompanhado pela culpa sobre o outro.
ResponderExcluirbeijinhos.
Mari
muito bom esse post! perfeito!
ResponderExcluirmas confesso que aqui morri de curiosidade pra saber se teve alguma situação específica que te motivou a escrever sobre isso...
;]
rs beijos, marion! bom final de semana!
Mari, gostei da sua colocação. Seria ideal que todas as escolhas fossem assim, mas eu acho que isso deve ser raro.
ResponderExcluirLu, sempre tem alguma situação específica que motiva os meus posts, em geral são histórias que ouço por aí. Mas sou como um bom jornalista, eu preservo as minhas fontes!
Beijos, bom fim de semana!
Isso mesmo, Patry. Assim como naquele filme com o Richard Gere: uma escolha e uma renúncia. Escolher significa abrir mão de alguma coisa.
ResponderExcluirO que a gente deve tomar cuidado é abrir mão e depois culpar o outro a todo momento. Daí não vale a pena...
bju, bom finde!