Up in the Air


Por circunstâncias que nem me lembro mais, perdi de assistir este filme no cinema. O tempo foi passando e parecia que o filme fugia de mim. Um dia vi que ia passar no Telecine Premium e deixei para gravar. Isso foi meses atrás. Também não sei o motivo, mas   fui adiando o momento de ver o filme. Talvez por ter o filme tão fácil, a um clique no controle remoto, acabei sempre deixando para depois. Mas domingo finalmente assisti "Up in the Air" (USA 2009) e fiquei com raiva de mim por não ter visto antes. O filme é muito bom! O único defeito do filme é o nome cretino que ele recebeu em Português, que nada tem a ver com  o roteiro. Por isso me recuso a mencionar o título aqui. 
O filme conta a história de Ryan (George Clooney) que tem um emprego um tanto cruel, ele é um "demitidor" profissional. É isso mesmo, ele é contratado pelas empresas para comunicar a demissão para os funcionários. Sua rotina é viajar pelos Estados Unidos demitindo pessoas que ele nunca viu na vida. Ele vive praticamente dentro de aviões, numa alucinante rotina de viagens. Vai tudo bem até que o seu chefe apresenta uma novidade: a demissão à distância, feita via webcam. Claro que Ryan vai relutar a aceitar a nova realidade, afinal, ele adora sua vida sem amarras, sem ter um lugar fixo. Seus embates com  Natalie (a ótima Anna Kendrick), a funcionária novata que quer revolucionar o método de trabalho da empresa, são esplêndidos. O duelo da realidade com a teoria. Gostei muito desta parte, pois já vivenciei situações bem similares, de aparecer alguém com uma idéia revolucionária na empresa onde eu trabalhava sem realmente conhecer a realidade do trabalho. Na teoria tudo é maravilhoso, na prática são outros quinhentos.  E Natalie vai aprendendo isso com o convívio forçado com Ryan. Paralelo à narrativa da vida profissional, o filme destaca a vida amorosa de Ryan. Ele é um cara sozinho e é feliz assim. Não quer ter vínculos com ninguém. Um dia conhece Alex (Vera Farmiga), uma executiva que leva uma vida tão movimentada quanto ele. Como o primeiro encontro foi bom, eles resolvem arrumar brechas em suas agendas lotadas para se encontrarem. Adorei a cena em que os dois estão analisando as datas de suas próximas viagens para ver se alguma data propícia para um novo encontro. Retratou bem a vida alucinada dos dois. Claro que Ryan vai começar a se envolver demais com a Alex e com isso vai questionar os seus valores e objetivos de vida. 
O filme gera muitos questionamentos, rende muitas conversas. As cenas das demissões são incômodas, chegam a ser cruéis devido à impessoalidade do método utilizado por Ryan para conduzir a conversa com o demitido.  Não há espaços para comoção. Ele tem como objetivo demitir a pessoa causando o mínimo impacto possível, sem que a demissão perturbe a rotina da empresa. Tenta até fazer o demitido acreditar que aquilo é, no fim das contas, o melhor que podia acontecer. Ele vê o demitido como apenas mais um número, não vê a pessoa. No fundo, é assim que a gente, como funcionário de uma empresa, é visto mesmo. Eu nunca tive muita ilusão quanto a isso, por conta do que já passei em empregos passados, e este filme veio reforçar este meu ponto de vista.  A vida amorosa de Ryan também gera bons debates. Mas tratar disso aqui será um big spoiler. Sim, eu sei que eu devo ter sido a última pessoa na face da terra a ver este filme, mas mesmo assim não vou soltar um spoiler aqui. Por isso, se você ainda não viu o filme, pare de ler este post agora.

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O caso de Ryan e Alex começa de maneira descompromissada, com jeito de ser um caso de uma noite só. Mas eles se entendem muito bem e começam a buscar a companhia um do outro constantemente. Isso faz Ryan querer um envolvimento maior com Alex, assumir mesmo o romance. Alex faz questão de demonstrar para Ryan que é como ele, uma pessoa solitária, sem amarras e isso serve de motivação para Ryan se deixar envolver para valer. Mas é tudo mentira. Ela é casada, tem filhos e não tem planos de terminar o casamento. Ele descobre isso bate na porta da casa dela para fazer uma visita surpresa. Uma decepção só. Eu fiquei com muita raiva dela. Ela foi muito desonesta com ele, deixou que ele acreditasse que ela era uma mulher livre e que poderia levar a história dos dois para um estágio mais sério. Para mim sinceridade é fundamental em uma relação, não se pode iludir o outro. Não se pode fingir ser outra pessoa. É cruel fazer isso com alguém. Se o caso dos dois parasse no primeiro encontro este detalhe não faria diferença, mas o caso foi ficando mais sério e Alex continuou fazendo tipo de mulher solteira. Não consigo enxergar nenhuma justificativa válida para o comportamento dela. Nenhuma. É, fiquei a xingando um tempão depois de ver o filme e isso porque eu já sabia o final da história. Infelizmente não consegui escapar de spoilers do filme, mas mesmo assim esta parte da história não perdeu o impacto para mim.  Sinal que o filme de fato  me envolveu.






Comentários

  1. Voce deve ser a penultima pessoa anãoter visto o filme, eu tb não vi então devo ser o ultimo ser humano que não viu.
    Parece interessante.
    Bjo

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  2. Gammelo, veja então. O filme é muito bom mesmo1

    Beijos

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