Rock in Rio II

" ... Que a vida começasse agora que o mundo fosse nosso outra vez..." Toda vez que escuto estes versos eu me emociono e minha mente se enche de lembranças.  

Eu sempre gostei muito de música e sempre gostei de ver shows dos meus cantores e bandas preferidos.  Quando o primeiro Rock in Rio aconteceu eu fiquei fascinada. Queria muito estar lá na cidade do rock, mas tive que me contentar em assistir tudo pela TV.  Era janeiro de 1985 e eu tinha apenas 13 anos. Sem chance de ir a um festival deste porte. Meus pais não seriam loucos de deixar, afinal eu era uma criança. O tempo passou e em 1991 aconteceu o Rock In Rio II. Lembro que quando eu soube que o festival aconteceria de novo eu fiquei alucinada. Jurei que ira de qualquer jeito. Na época eu já estava na faculdade e tinha 19 anos. Estudante e sem fonte de renda. Assim para ir precisava novamente do aval e do patrocínio dos meus pais.  Primeiro perguntei para minha mãe e ela prontamente respondeu: "Se seu pai for junto você pode ir!". Então fui lá perguntar para o meu pai se ele se animava em ir comigo, naquela época ele já era meu companheiro recorrente de shows aqui em Sampa. Mas ir ver um show em outra cidade já era um lance mais problemático. Perguntei e ele me disse para pesquisar preços de tudo e mostrar para ele, que ele iria pensar.  Então decidi os dias que queria ir e pesquisei com as agências de viagens para ver os pacotes para o Rock In Rio. Há 20 anos, sem internet, este tipo de pesquisa era trabalhosa. A vida hoje é muito fácil!   Encurtando a história, meu pai topou e fomos nós dois de ônibus para nossa aventura no Rock In Rio II! 

Eu fui em 3 dias de shows 18, 19 e 20 de janeiro. Sexta, sábado e domingo.  Foi uma maratona de shows. Sendo que dia 18 saímos cedinho de São Paulo, enfrentamos umas 6 horas de estrada. Chegando no hotel tivemos pouco tempo para largar as malas e pegar o ônibus para o Estádio do Maracanã para iniciar o primeiro dia de shows. E foi neste ritmo os dias que passamos no Rio. Sem descanso. Tanto que no último dia, meu pai se cansou e desistiu de ir ao show. Ele resolveu ficar na praia e me deu o ingresso dele para vender na porta do estádio. Claro que eu não vendi e guardei como recordação. O ingresso é um cartão magnético e era engolido pela catraca. Assim este ingresso que meu pai não usou foi o único ingresso com o qual fiquei. Guardo-o até hoje como se fosse um tesouro. 

Estes três dias foram mágicos. Em todos eu assisti aos shows na arquibancada, o que no estádio do Maracanã significa estar muito, mas muito longe do palco. Mas eu não tive coragem de comprar ingresso de pista daquela vez, afinal, estava em um território desconhecido. Tinha medo de confusões. Mas nada aconteceu. Ida e volta do estádio sem problemas todos os dias. Só no dia 20 que bateu um medinho, pois o estádio estava mega-ultra-hiper-super-lotado. Tinha gente demais mesmo. Mas no final  de tudo certo.

Meus shows preferidos foram : Prince, INXS, Billy Idol,  Titãs, Faith No More e Gun 'n' Roses. Difícil dizer o que mais mexeu comigo, mas posso destacar dois sem dúvida: INXS (que entrou no palco às 2 da manhã e levantou uma platéia semi-adormecida) e o Guns, que fez o Maracanã tremer. Shows épicos! 

Tive que recorrer ao meu diário para lembrar os dias e a ordem dos shows. Ainda bem que sempre fui de anotar tudo. 

Dia 18/01/91 : Jimmy Cliff, Colin Ray,Joe Cocker e Prince. 

Dia 19/01/91: Vid e Sangue Azul, Supla, Engenheiros do Hawaii, Santana, Billy Idol e INXS

Dia 20/01/91: Hanoi Hanoi, Titãs, Faith No More, Billy Idol e Guns'n' Roses

O Billy Idol tocou duas vezes porque no dia 20 ele entrou  como substituto do Robert Plant, que desistiu na última hora de vir ao Brasil. Diz a lenda que ele ficou com medo do mosquito da dengue. Sorte minha, que sou fã do Billy Idol. 

Foi um dos momentos mais marcantes da minha vida. Ir ao Rock in Rio foi um sonho realizado. Foi emocionante. Inesquecível. Até hoje me emociono ao lembrar daqueles dias. E escrever este post foi como uma viagem no tempo. 

Nota da blogueira: Ainda não sei se vou ao Rock in Rio deste ano. Não me animei ainda com a programação. 

Nota da blogueira 2: Claro que as lembranças do Rock In Rio me enchem de saudades do meu pai. Além de ter sido meu companheiro nestas aventuras roqueiras, foi ele quem me ensinou a amar a música. Tive muita sorte de ter tido um pai como ele. :)