Insegurança

Um assalto acontece. O bandido mata a vítima. Em todos os meios de comunicação a abordagem é a mesma, é sempre levantada a hipótese que a morte somente ocorreu porque a vítima reagiu. Eu fico indignada toda vez que me deparado algo assim, pois a vítima é praticamente colocada na posíção de culpada por sua morte. O bandido acaba tendo sua culpa suavizada, pois colocam que ele não queria matar, mas como a vítima agiu de maneira inesperada, ele ficou descontrolado e matou a vítima. O que ninguém lembra é que a vítima está sob um estresse tremendo, que não há como manter o sangue frio e que muitas vezes o ato de reagir não é uma demonstração de valentia e sim um ato desesperado por se livrar de uma situação assustadora. Chega a ser cruel colocar a vítima como principal culpada de sua morte. O culpado sempre será o bandido, pois ele que está fazendo algo errado, está atacando alguém na rua para roubar. Vivemos em um mundo realmente estranho, onde a bandidagem corre solta por aí, os governos não conseguem propiciar aos cidadãos um ambiente seguro para viver e a gente acaba sendo apontada como culpada quando é vítima de um assalto. Sempre ouvimos conselhos dos entendidos de segurança para não atender o celular na rua, não sair com jóias, segurar bem a bolsa e ficar atentos quando estivermos andando na rua. Conselhos que acabam cerceando a nossa liberdade e nosso direto de ir e vir. Tudo isso acaba criando a falsa impressão que, quando somos vítimas de um assalto, a culpa é nossa, pois demos bandeira. Isso é totalmente errado. A culpa é do bandido e da polícia que não dá conta de garantir a segurança na cidade. É muito ruim viver na paranóia, viver desconfiando de tudo e de todos. Mas enquanto a lei neste país não for rigorosa com os bandidos é assim que vamos continuar vivendo. E depois que a gente sofre um assalto a paranóia só piora. Infelizmente a minha paranóia anda em alta desde o assalto. Já ando na rua relativamente numa boa, mas é só passar uma moto muito perto da calçada que já fico assustada. Até hoje não tive mais coragem de atender o celular na rua ou mesmo de voltar a escutar mp3 na rua ou no ônibus. Por conta da falta de segurança pública eu restrinjo a minha liberdade, deixo de fazer coisas que gosto e abro mão da praticidade do celular, que agora só atendo dentro de casa, do trabalho ou em outro lugar fechado. É a grande ironia, as pessoas de bem vivem aprisionadas pelo medo e os bandidos livres, soltos e, muitas vezes, sendo tratados como coitados, vítimas do sistema. Eu não aceito ser colocada como culpada da violência que sofri. Culpado é o cretino que me assaltou, que me atacou e machucou. Mas é tanta pressão da mídia que na época cheguei a pensar sim que eu fui culpada, que eu estava errada em andar na rua falando no celular. Mas não, não estava errada e não provoquei a violência. Eu estava apenas no meu direito de andar livremente pelas ruas da minha cidade, onde eu deveria me sentir protegida. Mas isso cada vez mais é uma utopia. Nós cidadãos de bem estamos cada vez mais reféns da violência, vendo a nossa liberdade cerceada para conseguirmos fugir dos ataques cada vez mais freqüentes dos bandidos. Mas a situação anda tão feia que não há como fugir da bandidagem. O jeito é rezar e pedir para que o nosso anjo da guarda sempre esteja à postos para nos salvar dos perigos. Triste e assustadora a nossa realidade.


Comentários

  1. Eu continuo usando meu mp3 na rua mas um bem porcaria pq nao tenho coragem de usar coisas boas na rua, assim como nao tenho coragem as vezes de usar minha camera por ai. Justamente por essa defesa irrestrita q acontece aos bandidos, os direitos humanos cabem a eles e nao nós população. Pq eles sao sempre os coitadinhos ou pior que se usa mto hj em dia sob efeito de dorgas então não sabem o que estão fazendo... Tudo há uma desculpa assim até as autoridades se esquivam da culpabilidade. E pior fazer B.O. tb, faz pela internet para depois dizerem q nao foi aceito e a pessoa tme q ir a delegacia, a mesma a disse que antes disse q o B.O. seria feito pela internet sem maiores problemas.

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  2. Você tem toda razão, não somos nós que temos que evitar assaltos, e sim a polícia! E a questão do "reagir" é lorota, quanta gente não leva tiro só porque falou alguma coisa pro bandido, igual a menina que morreu na frente dos pais porque pediu o crachá do emprego de volta? Isso foi uma reação? Ela tentou dar um roadhouse kick no desgraçado pra ser morta desse jeito? Essa realidade absurda desanima demais a gente. Eu sofro muito com isso, quantas vezes já tive que guardar minha câmera e sair de fininho porque fui seguida em lugar público, mesmo acompanhada?
    :-(
    Beijos!

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  3. eu acho que cada um reage de uma forma e só vamos saber que forma é esse na hora. eu outros momentos por ex., de nervoso, eu dou risada, não dou risada na cara, mas sorrio. acho que a reação em um momento de stress pode ser totalmente inesperada. seja a nossa, seja a do bandido. não dá realmente pra julgar. beijos, pedrita

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  4. Tive minha Moto tomada de assalto. Tive meu carro tomado de assalto. Tive meu salário tomado de assalto.
    Sempre um revolver apontado em minha cabeça.
    Acho que estou aqui é por que não reagi.
    Tive um amigo morto.
    Tive uma amiga morta.
    Tive um irmão baleado.
    Tentaram defender o que era deles.
    Tentaram ter dignidade.
    Se machucaram.
    e ai?
    Espero a policia?
    As autoridades?
    Triste e assustadora a realidade, viu?

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  5. Concordo plenamente com vc, patry.
    Bjs,

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  6. Sugar, eu ainda terei coragem de voltar a ouvir meu mp3 na rua. Questão de tempo.

    Rê,desanima mesmo. E é péssimo sair na rua e ficar com medo.

    Pedrita, eu tenho este problema, de rir quando fico nervosa. É péssimo.

    FRanzé, infelizmente todos nós temos histórias de violência urbana para relatar. Triste.

    Mari, espero que um dia isso mude. Sei que aí tb a situação é feia.

    Beijos

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