Trabalho



Nos últimos meses eu recusei duas promoções no trabalho. Não nego que me senti linsonjeada com os convites, afinal eles significam um claro reconhecimento do meu desempenho na empresa. Mas não precisei pensar muito para saber que não queria assumir um novo cargo. Mesmo assim fiquei até balançada. Questionei tanto no aumento de salário como na melhoria de status dentro da empresa e fora dela. Pois eu sei bem que o cargo de assistente de atendimento não tem nada de glamour e não é a profissão dos sonhos de ninguém. Nem a minha. Mas eu sou boa no que faço, o expediente de 6 horas/dia muito me agrada, salário idem e eu, apesar de todo o stress inerente ao meu trabalho, gosto do que faço. Sinceramente o que mais me motivou a dizer não às promoções foi o aumento da jornada de trabalho. Não me vejo mais trancada o dia todo em um escritório.  A única vez que trabalhei em um cargo de jornada de 8 horas (9 se contarmos a hora do almoço) me sentia presa, sinceramente achava um desperdício eu ficar o dia todinho ali presa. Além do que eu não trabalhava 8 horas efetivamente, pois simplesmente não tinha fluxo de trabalho contínuo nestas 8 horas que eu permanecia ali. Com a jornada de 6 horas e o tipo de trabalho que eu executo, eu trabalho direto. É trabalho concentrado. Começo a trabalhar assim que o meu horário se inicia. Cansa? Cansa... mas eu termino minhas obrigações logo e posso usar o resto das horas do meu dia como bem entender. Eu sinto que trabalhando em uma jornada mais enxuta eu vivo mais a vida. É reconfortante ver que depois de um dia de trabalho ainda sobram algumas horas do dia para usufruir. Hoje as pessoas vivem para trabalhar, cada vez as jornadas são mais extensas, cada vez menos têm mais tempo para viver suas vidas.  Passam o dia fora de casa e quando voltam estão exaustos, sem vontade para nada mais. Praticamente uma vida robótica. Mal sobra tem para usufruir do dinheiro ganho com tanto trabalho.  Por isso tudo prefiro continuar onde estou. Mas não pensem que estou acomodada, nesta vida nada é garantido, salvo que se tenha um emprego público, por isso trabalho com afinco, sempre me esforçando para  fazer um ótimo trabalho. Quero continuar necessária no meu setor, fazer a diferença (olha o clichê, mas isso é a pura verdade) e sentir que sou boa no que faço. O que para mim é muito importante. Nunca soube ser mais ou menos nas coisas que faço, posso não ser a melhor em tudo, mas me esforço para isso. Sempre. E quero ser boa na arte de viver, e para isso ter uma jornada de trabalho menos é fundamental. Por isso tudo que vou na direçao contrária de um mundo que estimula às pessoas a sempre almejarem melhores cargos e salários.  E seguindo na contra-mão eu estou bem contente, porque acho que este é o meu caminho.



Comentários

  1. Concordo plenamente que qualidade de vida é muito mais importante do que status ou dinheiro. O stress acaba com tudo o que o nosso esforço conquista. E a vida de verdade está lá fora, se ficar enfiada o tempo todo no trabalho a vida passa e nem percebemos.
    Isso me lembra uma historinha que gostei muito: http://site.suamente.com.br/metafora-do-executivo-e-o-pescador-n%c2%ba-21/
    Beijos!

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  2. Rê, gostei da historinha. Sinto que muita gente é assim, se mata de trabalhar para poder usufruir da vida no futuro. Por que não encontrar um equilíbrio e trabalhar e curtir a vida agora? O tempo é algo que mais temos de precioso e efêmero. Ele não volta.

    Beijo

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  3. Oi Marion, interessante a sua história. Eu sou autônomo, vivo trabalhando muito, por longas horas, mas nem todo mês é tão produtivo quanto o outro. Muitas vezes trabalho na madrugada mesmo, nem sei quantas vezes deixei de dormir para realizar um trabalho. Os prazos (tremo só de pensar) sempre são curtos.

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