Escravidão Não É Coisa do Passado






Escravidão parece que só existe nos livros de história. Parece que é algo que ficou lá num passado bem distante e que não tem mais lugar nos dias de hoje.  Infelizmente isto é ilusão. Não existe mais a escravidão como antes, onde ninguém escondia que tinha escravos, afinal era uma prática comum em muitos lugares, inclusive aqui em nosso país.  Hoje a escravidão persiste, mas de forma velada e quem a pratica não tem coragem de divulgar por aí, pois sabe que é uma prática condenável e que isso vai prejudicar os seus negócios.   Por ser tão velada a gente  dificilmente tem como saber se está colaborando com está terrível prática que impõe a muitas pessoas uma vida de sofrimento. É terrível pensar que eu posso estar dando dinheiro para pessoas que escravizam seus semelhantes, mas é a realidade. 


De acordo com o teste da Slavery Footprint eu tenho 32 escravos trabalhando para mim. Claro que eu não escravizo as pessoas diretamente, mas os meus hábitos de consumo  contribuem para que pessoas sejam exploradas por empresários do mal.  O número é uma estimativa gerada através de um teste que analisa as coisas que a gente tem e nossos hábitos de vida. 

Esta questão é algo que me atormenta há alguns anos. Mais precisamente desde a época das Olímpiadas da China, quando começaram campanhas de boicote aos jogos por causa das condições de trabalho sub-humanas de muitas fábricas na China.  O que adiantaria o boicote, mudaria alguma coisa? Não. Pois estas fábricas na China alimentam as linhas de produção de grandes empresas, empresas tidas como boas empresas, mas que o consumidor final mal tem idéia da onde vêm todos os itens da linhas de produção.  O notebook que está no meu colo agora é um bom exemplo disso. Diz "made in Brazil", mas tem componentes de várias partes do mundo. Provavelmente  alguns destes componentes venham de fábricas onde os empregados são praticamente escravos. É difícil conviver com uma verdade destas.  Como evitar isso? Eu acho impossível.  Só se a gente voltar a viver no meio do mato, numa taba, pois se for cabana industrializada, a gente não vai saber a procedência do material, e passar a viver da natureza e sem nenhum artefato tecnológico por perto.  Ah, e nem roupa industrializada também!  Não é exagero não, há pouco tempo tivemos o escândalo da Zara, que tinha parte de sua produção feita em confecções que exploravam imigrantes aqui em SP. Este caso me fez pensar muito também. Quem me garante que outras grifes não usam do mesmo expediente para baratear a produção e aumentar o lucro?  Na época pensei, o jeito é voltar a fazer roupa com a costureira, assim não vou contribuir para a exploração de nenhum trabalhador. Mas e o tecido para a minha roupa? Como saber se a fabricação do tecido também não envolve o trabalho escravo?  É um beco sem saída.   Nós consumidores ficamos mesmo sem ter como evitar a compra produtos que em sua produção envolvam a exploração de pessoas.  Talvez a única maneira seja concientizar os empresários, fazê-los ver a gravidade da questão, para que se empenhem em fazer suas linhas de produção livre de trabalho escravo. E que isso seja orgulho para uma marca, que isso seja divulgado, que faça a gente escolher uma marca por saber que ela cuida para que todos que trabalhem para ela, direta ou indiretamente, tenham condições dignas de trabalho.  Espero que isso vire realidade algum dia e que assim a escravidão do mundo moderno deixe de existir.

Se quiser saber quantos escravos você "tem", acesse este site : http://slaveryfootprint.org/



O mundo anda muito complicado mesmo. Difícil saber que a gente mesmo sendo honesto e tendo bom coração acaba contribuindo para atrocidades cometidas por gente que só pensa no lucro. Verdade difícil de encarar, né?


Comentários

  1. esse tema tb me atormenta. grandes empresas, pra aumentarem a produtividade compram produtos mais baratos. eletrônicos trazem vários componentes de áreas em exploração. li alguns livros da china e passei a não querer comprar nada de lá tal a forma exploratória das empresas. mas como não comprar? o q mais me incomoda é ver grandes empresas de eletrônicos fazendo propaganda de suas ações sociais, ajuda a crianças carentes, mas fingindo que não sabem daonde vem os componentes e em a q preço. beijos, pedrita

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  2. Pedrita, é verdade, muitas empresas se gabam de ajudar os carentes, mas será que prestam atenção em sua linha de produção? Se pessoas são exploradas para que seus produtos sejam feitos? É triste, o pior que pouco podemos fazer.

    Beijos

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  3. Patry é bem como vc disse! Mas vejo isso também com o pessoal que vive reclamando q usa-se couro e afins, mas nao usa-lo acho q é desperdicio já que se pode aproveitar alem da carne. assim como os ditos radicais vegetarianos, como vem falar que nao pode comer isso ou aquilo e as coisas que eles usam q vem de origem animal, assim como dizem q nao compram roupas de lojas q vendem artefatos de couro mas ainda assim compram carros de fabricantes que usam couro e como para muitos dos seus carros de luxo?!

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  4. Sugar, o lance dos vegetarianos é bem parecido mesmo. Impossível viver nos dias de hoje ( em uma cidade moderna) sem consumir item algum que venha de animais. Não dá!

    Beijos

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  5. o q me incomodam em vegetarianos é q alguns alegam q não comem carne pq não comem nada q seja vivo. mas plantas são vivas tb.

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  6. Pedrita, penso como vc! Não dá para viver sem se alimentar de outro ser vivo. É a lei da natureza.

    Beijos

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