Quem somos afinal?






É comum perguntar paras as crianças o que elas querem ser quando crescerem. Quando perguntavam para mim, eu falava que queria ser veterinária. Na minha visão simplista, gostar de animais bastava para eu me tornar uma veterinária.  O tempo foi me mostrando que é algo muito mais complexo, que só o amor por bichos não bastava. Eu teria que ter muito sangue frio para aguentar a barra do sofrimento dos bichos que eu teria que cuidar. Não tenho, sou muito mole. Assim, descartei a possibilidade, continuo amando os animais, mas sei que minha vocação é cuidar deles como 'mãe', não como veterinária. 

Hoje sou uma não-veterinária, que trabalha com atendimento a clientes. Carreira que também precisa de muito sangue frio, pois aguentar um cliente nervoso e sem razão, é uma das missões mais espinhosas que existe neste mundo.   Encontrei o meu lugar no mundo, encontrei a minha vocação, numa carreira que nunca sonhei. Mas só a minha profissão basta para me definir? 

A profissão não define ninguém, mas é o que se usa para etiquetar as pessoas. A grande preocupação dos pais é o que o jovem vai escolher de profissão, o que ele vai estudar. Até a gente acha que isso é o mais importante. Eu sempre achei. Mas a vida é muito mais do que uma profissão.   Descobrir nossa essência é uma das tarefas mais complicadas. Talvez descobrir não seja a maior dificuldade, arrisco dizer que  o mais difícil é saber o que fazer com a nossa essência em um mundo de comportamentos tão esteriotipados. Muitas vezes o que somos não encaixa com as regras da sociedade, não se encaixa com que a família espera da gente. E aí o que fazer?   O mais fácil é seguir o fluxo, a grande maioria faz isso.  Eu também  faço.  Não sou tão corajosa como gostaria de ser, assim muitas vezes me deixo levar. Bem naquele ritmo de deixa a vida me levar... 

É meio deprimente chegar à conclusão de que muitas vezes não encaixamos nas categorias de pessoas e/ou comportamentos existentes, que não há uma categoria pra gente se encaixar. Acho que talvez sejamos nós mesmos somente dentro da nossa mente, lugar onde podemos ser sinceros com o que sentimos, onde estamos a salvo de quaisquer julgamentos.  
Julgar sempre é fácil.  Só a gente saber o quão é difícil ser nós mesmos, lidar com nossos medos, com nossos anseios. Uma coisa que tento fazer é evitar julgar os outros  sem pensar nas circustâncias.  Tentar entender a razão do comportamento do outro.  Nem sempre consigo,  pois é muito mais fácil colocar a etiqueta de errado no outro do que tentar entendê-lo.  

Cada vez mais penso que o maior ato de coragem que podemos ter nesta vida é sermos nós mesmos. Temos que sempre lutar para não perdemos nossa essência, não  podemos deixar que a vida nos transforme em robozinhos que apenas seguem o fluxo. O caminho mais fácil , definitivamente, não é sempre o certo. 


Comentários

  1. eu falava que queria ser escritora. eu pensei em veterinária mais tarde pq tenho muito jeito com animais. mas penso como vc. eu não conseguiria separar e sofreria com cada animal. eu tb encontrei uma carreira em um segmento que nunca pensei, atuando em um que sempre imaginei. nunca me esqueço q qd comecei a cuidar de gatos para aumentar o faturamento uma pós graduada, horrizada, disse: - mas vc estudou tanto pra isso? incrível como julgam profissões. outra pessoa era açougueiro. com esse trabalho comprou um terreno e construiu duas casas simples. a namorada fez o q fez para denegrir o trabalho dele, ele foi fazer faculdade, não conseguiu pagar com o trabalho q não era mais açougueiro, e hj não tem nada definido. tb conheço uma pessoa q ganha muito com matérias sobre gastronomia e sofria preconceito de pessoas que diziam: - aquele que fala de comida? conheço pais, mais de um, que proibiram o filho de ser músico e só atrapalharam o futuro deles.

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    1. Pedrita, a vida é um julgamento sem fim. Nos julgam por tudo, por qualquer escolha. É muito difícil ficar indiferente a tantos jugalmentos.

      Beijos

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    2. é verdd patry pq queremos sempre pertencer e qd ficamos isolados, é difícil segurar as escolhas.

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  2. Cada vez mais, somos valorizados e rotulados apenas pela profissão e pelos cursos. Alguns consideram inteligente somente quem faz mestrado e doutorado.

    Quando era criança eu queria ser professora, fiz magistério, trabalhei em pré-escola e hoje em dia detesto dar aula, não penso em voltar a ter alunos.

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    1. Oi Bruxa!

      Verdade! A profissão e os diplomas parecem mais importante que a pessoa em si. Triste isso. Beijos

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  3. Eu acho que a existência de "categorias" pra tudo faz com que a gente se perca de nós mesmos até dentro das nossas mentes. Eu sinto que nunca me achei como pessoa, por não ter me encontrado numa profissão. E isso é péssimo porque sei que a exigência é da sociedade, e não minha, e aí acabei assimilando essa necessidade de "ser alguém". Acho que em alguns círculos já está mais fácil bancar nossas escolhas, mas a maioria ainda é bem conservadora e não aceita muito bem aqueles que não seguem o ritmo.
    Beijos!

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    1. Re, para mim você é uma fotógrafa! Sempre foi! Acho que vc já se encontrou sim e não sabe! rs

      Mas é muito ruim mesmo esta patrulha profissional que vivemos. Aí ficamos nos sentindo deslocadas, quando na verdade não estamos! Pq temos que seguir os padrões né?

      Beijos

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