Impactante





Fazia muito tempo que uma novela não me chocava. Gabriela tem conseguido esta façanha. Não pensem que é por causa das cenas de sexo, que aliás são bem inocentes perto das cenas de sexo dos seriados da HBO. O que me choca é o comportamento dos homens da novela. É de dar nojo a maneira que eles tratam as mulheres.  Salvo raras exceções, todos os personagens exergam as mulheres como seres  que existem apenas para     satisfazer suas vontades, ou como diz o coronel Jesuíno, para serem usadas por eles. Eles respeitam apenas a mãe e as mulheres dos outros coronéis, afinal, não querem morrer. Porque ali tudo é resolvido na bala.  Com suas mulheres são secos, brutos, as tratam desprezo ou as fazem de idiota descaradamente. Mulher serve para fazer filho e aliviar as necessidades de macho dos maridos. Nada mais. Uma sociedade machista e nojenta. 

Mas não só os homens me chocam, as igrejeiras também são terríveis, gente da pior espécie, elas vivem rezando, mas são incapazes de praticarem uma boa ação. Se gabam por serem virtuosas e honradas, mas  não titubeiam em escorraçar a menina que transou com o noivo ou entregar para a morte a mulher que traía o marido.  Fazem tudo isso com a desculpa de defender a moral da cidade. 

É chocante ver que a sociedade era assim no início do século passado. Século que eu nasci!  É muito recente, tão recente que ainda vemos resquícios bem evidentes deste pensamento machista na sociedade de hoje. São comuns casos de homens que matam suas mulheres porque elas não os querem mais. Isso acontece porque estes homens exergam as mulheres como propriedade, assim podem dispor da vida delas como eles bem entenderem.  Um horror. É horrível também  pensar que ainda  há povos no mundo que  acham que mulheres pertecem aos homens,  primeiro ao pai e depois ao marido. Mulher ainda é cidadão de segunda classe em muitos lugares deste planeta.  

Quando eu penso tudo isso, eu agradeço por ter nascido aqui e na época em que eu nasci. Senão eu não aguentaria. É uma vida infernal ter que obedecer alguém cegamente, não ter vontade própria e viver com medo de desagradar o fulano e por isso ser punida até com a morte.

A novela tem retratado bem todo este cenário machista, tão bem  que provoca todo este impacto em mim.  Muitas vezes me pego xingando  os caras e as igrejeiras enquanto vejo a novela. Pena que a novela passe tão tarde. Eu não consigo assistí-la no horário que vai ao ar, por isso gravo. Mas andei bem atrasada com os capítulos. Somente hoje consegui chegar nos capítulos desta semana.  Gabriela tem se tornado uma das minhas novelas preferidas. Histórias bem construídas, que provocam em mim emoções boas e ruins. Uma novela que me emociona para valer. 


Comentários

  1. Não conhecia a história da Gabriela, mas de fato apesar de saber que era assim, é diferente "ver", mesmo que seja uma reprodução na novela (ou no caso, o livro - ainda vou ler!) Revoltante mesmo. Mas acho que você comentou o mais importante, os resquícios que ainda existem da mentalidade daquela época são bem preocupantes pra um povo que se julga tão moderno. E vendo o jeito que muitos pais e mães educam seus filhos por aí, acho que isso não muda tão cedo. Lembro que uma faxineira que eu tive tinha uma filha de um ano e meio, e estava preocupadíssima porque a menina estava brincando com um carrinho (tanto que a avó da menina tirou o brinquedo da mão dela e jogou fora, porque ela estava brincando "igual menino"). Vai demoraaaar pra melhorar. Beijos!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Rê, eu nunca li o livro. Só conheço a história por causa das novelas, a primeira versão eu vi numa reprise quando era criança.

      Concordo com você, ainda vai demorar para mudar esta mentalidade machista. O pior é que são as mães que educam os filhos assim. As mulheres que criam homens machistas.

      Ah, que boba a faxineira, eu brincava muito de carrinho quando era criança. Meu pai vivia me dando carrinhos e eu amava!

      Beijos

      Excluir
  2. eu confesso q não sei se mudou muito. agora é mais velado, mas acho q o machismo no brasil é ainda muito forte. beijos, pedrita

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pedrita, está mais velado e mais 'vigiado', hoje tem a lei que intimida um pouco estas ações de machismo extremo, se a lei fosse aplicada com mais rigor, tenho certeza que isso diminuiria mais ainda.

      Mas a gente vê no comportamento, tanto de homens como de mulheres, que ainda vigora o pensamento machista. Um horror.

      Beijos

      Excluir

Postar um comentário

Vamos, comente!!!

Postagens mais visitadas deste blog

Viajando Na Pandemia

A Tripulação

Papiers à la Mode