Relações Virtuais







Eu estava caminhando na esteira e na TV da academia passava um programa onde uma mulher falava em Inglês. Uma fala monótona, cansativa. Como a TV estava bem a minha frente, acabei prestando um pouco de atenção do discurso da senhora monotonia. Ela falava sobre as relações virtuais, falava como se fosse a maior conhecedora do assunto, tanto que senti até uma ponta de arrongância em seu blá blá blá.  Fiquei com a impressão que ela é uma estudiosa do assunto, mas que só conhece teorias sobre pessoas que se relacionam com as outras através das ferramentas da internet e de celular. Esta mulher não tem vivência na internet, salvo para ler jornal e acessar e-mails, nunca deve ter usado a internet para se aproximar das pessoas, sejam estas conhecidas ou não. Para ela as pessoas que se comunicam através de palavras escritas lançadas nas redes sociais ou enviadas via SMS, são pessoas que têm medo de laços reais, pessoas que tem medo de sem envolver.  Gente que tem medo de conversar ao vivo, de ouvir a voz do outro.  Ou seja, para ela, gente que fica conectada na internet é um indíviduo que tem sérios problemas emocionais e tem medo de pessoas. E ponto. Ela não consegue vislumbrar que pessoas como eu, que fico horas e horas on line, possam ser gente normal.  Que apenas utiliza a internet a seu favor, para conseguir manter os vínculos com quem gosta, que de outra maneira, acabaria tendo um contato esporádico. A internet me proporciona um contato muito próximo com meus primos e amigos que vivem em outras cidades e países. Sem a internet a gente mal saberia um do outro.  A internet aproxima, facilita o contato, ajuda a estreitar vínculos e driblar a saudades. Teóricos como esta senhora monótona, só enxergam o lado ruim. Visão limitada de quem tem medo de enxegar as novas possibilidades que as novas tecnologias trouxeram para as relações entre as pessoas.  Se fixam na idéia que o contato verdadeiro é só aquele cara a cara.  São incapazes de entender  amizades e amores podem surgir entre pessoas que só se conhecem via internet, que o contato virtual pode ser tão intenso e valioso como o contato na vida real.  

A vida é dinâmica, as coisas vão mudando de acordo com a evolução das coisas e a gente tem que se adaptar. É claro que a internet  nos coloca à frente de vínculos e situações sociais que antes não existiam,  e a gente vai aprendendo a lidar com isso.  Nem sempre de uma forma suave.  Uma das novidades trazidas pelo Facebook que anda me deixando, digamos, confusa, é amplificação do contato com os colegas de trabalho, fora do âmbito  profissional.  Eu sempre fiz a linha reservada em todos os meus empregos, tento ser cordial com os meus colegas, mas ao mesmo tempo costumo manter distância, não misturando a vida pessoal com a vida profissional. Não é porque uma pessoa é meu colega de trabalho que, automaticamente, vai tornar-se um amigo meu.  Muitas vezes com um colega, a única coisa que tenho em comum é o mesmo trabalho e nada mais. Na vida pré-Facebook eu conseguia manter  a distância cordial dos colegas, me aproximado somente daqueles que realmente que tinham afinidades comigo e tinham tornado-se bons amigos.  Hoje, com a popularidade do Facebook, me vejo compartilhando fatos da minha vida cotidiana com pessoas que não tenho vínculos suficientes para tal.  É muito complicado. As pessoas vão me adicionando pelo simples fato que trabalhamos na mesma empresa. Chega ao absurdo de gente que mal fala bom dia para mim nos corredores da empresa, querer ser meu amigo no FB!  Eu realmente não entendo.  Mas, mesmo não entendo, acabo aceitando apenas para não criar uma saia justa. Aí me vejo medindo palavras no  Facebook. Péssimo. Ainda não sei bem como lidar com tudo isso, mas um maneira que encontrei foi fazer uma lista das pessoas realmente próximas, que inclui sim alguns colegas de trabalho que estimo muito, e quando quero compartilhar algo só com meus amigos de fato, só publico para estas pessoas.  Quando a pessoa não tem nada a ver comigo mesmo, eu a coloco no limbo, entra numa lista onde não vê nadinha do que eu escrevo. Se pudesse deletaria da lista, mas dá menos transtornos deixar lá mesmo. Antes esta situação me revoltava mais, agora já me conformei, e já consigo ficar até mais à vontade no meu FB rodeada dos semi-conhecidos.  Mas confesso que preferiria poder ter na minha lista só gente próxima mesmo, gente que tem a ver comigo.  Não é possível, então eu vou me adaptando e tento preservar a melhor parte do Facebook, que é me manter bem próxima de quem eu amo. :)


 

Comentários

  1. Concordo que pessoas que tem dificuldades de se socializar na "vida real" encontraram um caminho mais fácil pela internet. Mas parece que isso é tudo o que os estudiosos mais conservadores enxergam. Esquecem que pessoas "normais" aproveitam a rede pra expandir seus relacionamentos, e não se limitar a ela. Pena que gente assim ainda tenha espaço, só atrapalha o desenvolvimento das coisas em vez de ajudar.
    Beijos!

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  2. eu li uma pesquisa recentemente que dizia que ao contrário do q imaginavam, as pessoas q mais acessavam o facebook eram as que tinham uma vida social mais intensa. não dá pra dizer é verdade, afinal nada é absoluto, mas essa senhora monotonia parecia estar bem equivocada. canso de ouvir blá blá blás desinformados sobre a internet. beijos, pedrita

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  3. Rê, gente com problema tem em todo lugar, até aqui na vida real, né? Mas os estudiosos parecem que gostam de dizer que todo mundo que gosta de usar internet é um nerd problemático, que não consegue se relacionar com ninguém.

    Pedrita, a senhora monotonia não consegue ver que a internet é apenas um reflexo do mundo real, assim na internet vai ter todo tipo de gente, os legais, os loucos, os bandidos, os tímidos , mentirosos e por aí vai. Ela precisava ficar umas boas horas navengando para ver como é, né?

    Beijos

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  4. Olha, eu sou um viciado em internet e sei que essa senhora está totalmente errada mesmo, mas outra coisa tmbm é verdade, a internet potencializa muitos defeitos de muita gente, se a pessoa tem tendencia a fazer algo errado, a simples possibilidade de ser anonimo em muita coisa que vocês faz abre muitas portas pra muita gente que na vida real não pratica nada disso por correr mais risco de ser pego e etc.

    Uma dúvida Marion, essas pessoas do seu serviço não sabem da existencia do seu blog né? hehehehe

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  5. Vaynard, alguns sabem. Estes de quem falei são pessoas que trabalham em setores diferentes do meu. Mas se lerem , paciência...rs


    Beijos

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  6. Algumas vezes me acho seletiva demais.. outras até chata... mas eu não adiciono qq. um não... a minha lista é pequena... deixo lá de molho mas nao aceito o pedido....

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  7. Eu acho que a rede aproxima pessoas com interesses comuns, como aconteceu com a gente, que nunca ia se conhecer por outro meio em cidades tão distantes! Vc foi um grande presente da internet para mim, amiga. BORA MALHAR!

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  8. Oi MArion
    Saudades do teu blog... realmente a gnete tem q ter cuidado... mas as pessoas tem q saber diferir vida real e virtual..
    Mas eua credito plenamente que é possivel criar laços pela internet
    bjs

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  9. Leti, eu sou chata como você. Mas infelizmente minha lista aumentou mais do que eu queria.

    Déia, para mim também! Eu agradeço a internet por ter me aproximado de você.

    Gammelo, quanto tempo! Eu acho que a gente tem que ter cuidado com o que escreve , como deve ter cuidado com o que se fala na vida real. Questão de bom senso. E eu sei que a internet pode ser o ponto inicial de relações profundas. :)


    Beijos

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